quarta-feira, 26 de junho de 2013

Angelica Cheung versus Consumismo

"And the speedy economic expansion of China has had some drawbacks for those trying to keep up with fashion. Some of the bigger luxury brands are starting to suffer from their own success. Many brands have succeeded in penetrating the market but now need to maintain their prestigious image while still trying to sell a lot – and Vogue has to keep up."

"The super-rich are stopping to buy some brands, because everywhere they go they see the secretaries carrying a brand-name bag and they feel they are different, more superior, so the brands really have to establish a niche and give them something they feel is special. Really rich people are starting to feel they need to keep a distance..." 

Angelica Cheung




Em entrevista ao The Independent Angelica Cheung editora da tão recente Vogue China, nomeou um dos problemas das grandes marcas. O excesso de publicidade e democratização leva-nos a renegar determinados objectos. As grandes marcas tanto querem abranger que depois há quem deixe de comprar pelo simples facto de chegar a um espaço ou ao seu trabalho e ver a secretária com a mesma carteira. Cheung afirma que as pessoas ricas "the super-rich" querem sentir-se diferentes, especiais. E as grandes marcas têm de definir um nicho de mercado.

Eu questiono-me sobre estas afirmações e forma de pensar. É claro que em Portugal ainda não atingimos esse estado(penso eu). Por aqui, penso mais que acontece a cópia das cópias. 
A Furla, na minha humilde opinião só recentemente atingiu um estado de "I want it so madly" com a linha Candy, até lá como consumidora não me lembro de a Furla andar nas bocas do mundo. Um belo dia uma blogger publicou umas fotografias do modelo em várias cores dizendo que as queria todas. Daí, a ser uma loucura pelas carteiras, esgotarem, tudo poupar para as ter, a marca fazer edições atrás de edições e colaborações sem fim...foram cerca de dois anos. Três, para eu me passear no Sr. de Matosinhos e ver imitações, a Parfois com inspirações e a feira de Custóias cheia delas nos ciganos para vender.

Como se sente uma pessoa que adquiriu a carteira, achando que seria uma peça exclusiva e elegante?
Como se sente a pessoa que juntou every single euro para a comprar?
perante estas imitações...
Como se sente a pessoa que sabe que compra uma imitação
ou 
aquela que compra e só se apercebe depois que está perante uma cópia das cópias de uma linha de carteiras XPTO?

Eu sinto-me um bocado aborrecida. Sinceramente, não me espanta que compre determinadas roupas na Zara, Massimo Dutti, Berska, Stradivarius, entre outras e que me apareçam não sei quantas pessoas com a mesma roupa. Mas também me tenho apercebido ao longo dos tempos que, a Zara vai fazendo aquilo que eu chamo de edições limitadas de algumas peças. Com algum sentido de perseguição e espionagem, acredito que a Zara tenha cool hunters, que sabem perfeitamente quais os hits da época e fazem meia dúzia de peças, vendem-se e depois nunca mais as vemos, nem aos saldos chegam, nem reedições se fazem, de peças que têm muita procura, a outras assistimos a uma constante, reedição e renovação da peça. 
Outras delas,  época atrás de época  são reforçadas nas prateleiras das lojas. 
Não fosse o caso da shopper da Zara que fez furor nas mãos da Olivia Palermo e nas mãos de muitas outras celebridades, continua a ser possível de se comprar em qualquer Zara. Quase que a vemos ganhar o estatuto de uma carteira de uma grande marca luxo. Tornou-se até alvo de cópias.

Agora imagino como se sentirá um cliente da primeira colecção da Candy da Furla!? Esse cliente para mim possui uma relíquia. Quase que a diria tão importante(no mundo dos fashionistas) como quando o Duchamp expôs a Fonte em 1917.
A Candy representa uma mudança no mercado e no consumismo português. O momento em que uma carteira atingiu a quase possibilidade de ser de todos, num futuro próximo ninguém vai querer ser seu dono e num longínquo alguns vão atrever-se a assumirem-se seus fãs.
Este momento apenas serve para uma perpetualização da história da Furla.

Para mim, ficam ainda muitas questões. Deve ou não a marca assumir um nicho de mercado de luxo, um médio e um básico? Para que os super-rich se sintam especiais? E os outros? O fruto proibido é sempre o mais apetecido.
É justo? Não temos todos o direito a um gosto livre de preços? Os produtos deviam fazer-nos sentir especiais por eles mesmo, pela qualidade, pelo design, pelo que significam, por quem nos foi oferecido ou o momento e não o seu preço.
É chamado pau de dois bicos, se as grandes marcas definem um nicho de venda apenas exclusivo aos super-rich, podem vir a ganhar inimigos apologistas da democratização ou se as grandes marcas se definirem totalmente ou parcialmente acessíveis iremos assistir a uma mudança de hábitos pelos super-rich?

To be continued...

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