sexta-feira, 13 de julho de 2012

O Sexo e a Cidália

Sempre gostei das crónicas da Cidália, quase sempre correspondem à minha linha de pensamento. No entanto tinha-lhes perdido o rasto encontrei esta de uma forma no mínimo caricata e não lhe resisti, aqui está ela para partilhar com vocês!

O Sexo e a Cidália
"Um jogo a dois"

"Um alívio pessol" - é como muitos dos que se divorciam se sentem depois da formalização da separação. Como é que foi paixão e passou a ser um fardo?!
Dos que se divorciam e dividindo a separação em géneros e queixas, elas ressentem-se sobretudo da falta de comunicação e eles, da falta de amor. Confesso que a queixa delas não me surpreendeu(por conhecer ambos) e saber que elas estão habituadas a falar para "uma parede", mas já ler que eles se queixam da falta de amor, foi inesperado. Sim, estamos a falar de mais um estudo sobre divórcio, este com base em dados do INE.
Quando os homens se queixam da falta de amor, terão exatamente o quê em?!(E com isto não quero ser permanente a Robin Hood feminista que ataca os homens para dar ás mulheres...-embora use collants como ele). Mas o amor não se baseia precisamente em ouvir?!
As mulheres(sim, muito mais faladoras que eles) gostam de chgar a casa, ou a um restaurante, e falar, falar(falar), do dia que tiveram, do que fizeram, do que está por fazer, e do que farão no dia seguinte. A conversa das mulheres torna-se intensa e mais interessante quando lidam com a perda e o sofrimento. Até chegarem aí falam de minudências que os homens preferem não ouvir. Eu compreendo-os, o problema é que também eles(ainda que muito menos), mais tarde ou mais cedo, vão precisar de falar, e aí já terão uma mulher magoada, cansada de não ser ouvida, que vai recusar-se a estar disponível para o desabafo deles. Será isto parte da falta de amor que eles se queixam? Ou essa falta de amor prende-se com a sedução, surpresas na cama e disponibilidade para o sexo?
Os homens são tão autistas que nem percebem que quando vão à procura da mulher, ela já não quer nada com eles. Aí dá-se o desencontro amoroso. Na verdade, a solução para o problema e para tantos divórcios(os números do INE comfirmam-no)passava pela disponibilidade de ambos se ouvirem. Elas falariam um bocadinho menos, eles ouviriam um pouco mais. Porque desocupando a cabeça de coisas como o futebol, a Fórmula 1, a depilação a laser ou mesoterapia, ambos ficavam mais disponíveis para escutar e até já pdiam sussurar. Nós(homens e mulheres), ocupamos a cabeça com muita coisa pouco importante. O lixo mundano e rotineiro rouba-nos muito espaço ao amor(nem falo da sedução). Ocupamo-nos de coisas verdadeiramente fúteis e nessa leveza de matérias(s) esvai-se o amor. Porque o amor - como o vinho - precisa de respirar.
Não deixa de ser lamentável que cheguemos ao ponto de dizer que separarmo-nos "daquela" pessoa foi um alívio pessoal. "Aquela" foi a pessoa que nos fez voltar a acreditar que poderíamos ter o mundo todo contra nós, e ainda assim ir em frente. Essa pessoa foi a tal com quem julgámos ser felizes numa ilha deserta, prescindindo dos indígenas bronzeados. E foi a mesmíssima pessoa que nos fez voltar a acreditar que as fotografias em sítios banais podiam ser mágicas, e que vê-lo a dormir era dar razão à felicidade eterna. Como é que meses/anos depois concluímos - e pior, sentimos - que separarmo-nos dela foi um "alívio pessoal"?!
Façam este pequeno exercício:ouçam-na mais, mesmo que a vossa coerência vos made calá-la. Sejam sinceros para terem a atenção que vão desejar mais tarde. Tantos filmes se fizeram, tantos livros se escreveram sobre o amor, e ninguém parece perceber que é um jogo a dois, cheio de cedências. Quem não ceder perde.
"When god closes a door, opens a dress!"