É uma afirmação. Nem sei porquê que se insiste tanto nas rosas e como se não bastasse vermelhas, lá com a mania de que significam o amor e a paixão, eu até só gosto de gerberas e girassóis e rosas se tiver mesmo de ser, prefiro amarelas, bejes ou creme (como preferirem chamar). Ao longo destes poucos anos aqui no Mundo já coleciono cerca de quatro rosas vermelhas que eu deixei secar e conservo e mais uma desenhada. Mas todas as rosas têm espinhos e sendo eu uma pessoa de memórias até nem vasculho muito a gaveta onde as guardo. No entanto ultimamente pergunto-me de que me vale guardá-las? Foram dadas com tanto amor e carinho (quero acreditar que sim) e hoje não passam de flores secas das quais nem gosto assim tanto, até mais porque de muito amor e paixão tornaram-se ódio, distância, mágoa, tristeza. Lá está todas as rosas têm espinhos.
O que me testa o cérebro é o porquê das relações entre seres humanos se detrioram?! Quem é que não terá feito esforço suficiente para que a relação durasse? Ou será que se fez de mais? Afinal a virtude está no meio...
Chateia-me, mata-me o cérebro não entender o ser humano e a mentira sobre sentimentos e objectivos.
Asssim como esta história do Kony no Uganda ou o bem presente na minha memória (e de todos os outros seres humanos do presente) massacre em Ruanda onde morreram mais de 700 mil Tutsis e centenas de Hutús, sem esquecer entre 1992-1995 o massacre Bósnio e claro aquele que sempre me impressionou mais e teve a maior das atenções da minha parte que foi o Holocausto. Uma visita a um campo de concentração não é para qualquer pessoa. São hectares de solo infértil, o terreno é cheio de lama, às 16h da tarde começa a fazer-se noite, e o frio? Esse é mais ainda do que aquele que nos queixamos durante o dia. Esquecendo tudo isto(quase impossível!) parei para reflectir na crueldade que se gerou homem versus homem e não falo daqueles que fazem guerras por questões religiososas, falo dos prisioneiros(as) destes campos que se encontraram lá todos pelas mesmas razões, serem judeus. E que homem contra homem na morte de um outro lutam pela roupa do morto, pelos sapatos, por um agasalho extra...não me crucifiquem eu sei bem que naquele momento as prioridades do ser eram claramente outras, agora se se justificam? Não tenho resposta. Nem sequer a ousadia de criticar o que se passava dentro dos campos. Mas claro, todas as rosas têm os seus espinhos...e vou na opinião do Primo Levi, a humanidade "exterior" foi culpada do que aconteceu e nada fez para que as atrocidades cometidas e idealizadas por um conjunto de homens fracos e estéreis de bondade, acontecessem.
Depois penso no Roberto Saviano, um jornalista italiano que se infiltrou na máfia Italiana e que escreveu o livro "Gomorrah" onde denuncia todos os processos da máfia italiana de Nápoles e de "colaborações" da máfia italiana com  emigrantes africanos. Tive a oportnidade de assistir a uma conferencia com este Senhor que actualmente não tem morada fixa e que vive em constante protecção policial devido às inúmeras ameaças que recebe contra a sua vida. Mais um espinho de uma rosa. E o que fazemos nós para ajudar?? Para acabar com o crime organizado, o tráfico de armas e pessoas? Muito pouco...
Eu também sei que a rosa chamada Putin fez muito pela Rússia, mas não consigo entender como deixamos(deixamos nós humanidade) que ele se candidate de novo ao cargo de primeiro ministro e a Europa assiste impávida e serena ao que acontece porque existem interesses maiores, interesses que se sobrepõem à bondade de homem para homem in loco. E no meio disto tudo a Ucrânia e a Chéchénia?? E os crimes cometidos pelo abastecimento de gás, no norte da Europa?? 
E agora lembraram-se do Kony que há mais de vinte anos é sabido que cometia este tipo de crimes e nunca ninguém se importou até agora? Eu até participo, eu ajudo, eu até adquiro o kit Kony com as pulseiras muito ao estilo ("Favores em Cadeia"), mas que credibilidade têm esta instituição para contribuirmos economicamente para ela? Sim, porque os "maus" fazem muita coisa má e "trafulhice" mas não se pense que os voluntários e activistas de ONG's são uns santinhos. Sim, porque levam os seus filhos consigo para as supostas "lutas do bem" tudo para apelar ao coração do senso comum e das pessoas menos informadas que foram atacadas crianças sem razão nenhuma, quando uma mãe ou pai no seu perfeito estado de consciência não leva um filho para um local possivelmente perigoso para o seu filho. Os ideias dos pais podem perfeitamente ser passados aos filhos sem os envolverem directamente nestas questões.
Começo a achar que enquanto a " grande humanidade" não se entender, não chegar a consenso e ambos os lados ("bom e mau") não se deixarem de atitudes extremistas e sensasionalistas nunca andaremos para a frente e a rosa mantêm os seus espinhos.
O que eu penso nas horas vazias da minha vida é que o bem tem de vir dos grandes para que os pequenos aprendam. "Que grande novidade, me estás a dar!" diz a minha outra metade do cérebro.
Martin Luther King tem o famoso discurso do : "I have a dream...", eu tenho a esperança que os "bons" queiram mesmo ajudar e não inventem desculpas para ganharem o nosso dinheiro e depois no fim se descobrir que tudo foi uma grande aldrabice.
O meu sonho é tão simples. Eu gostava que de quinze em quinze dias que vou à psicóloga fazer psicoterapia o senhor que está à porta do Bom Sucesso não pedisse incessantemente um Euro para comprar um hamburger na Europoupança do Macdonald's, fazendo-me sentir mal, que rica não sou, fome também não passo, mas gasto dinheiro em tabaco uma atitude que me prejudica directamente a mim de várias formas nomeadamente monetáriamente e na saúde. Mas cansada de ouvir o seu pedido a todos que passavam eu subi os dois andares do shopping a correr e comprei-lhe um hamburguer, quando cheguei cá fora e lhe dei o hamburguer ele meteu-o no bolso do casaco e ignorou-me e continuou a pedir o seu um €uro para o "hamburguer". Meti-me no carro a pensar que enfiei o maior barrete da minha vida. Provavelmente sim. Outras vezes não.
Gostaria que não houvesse pessoas a dizerem-me que não têm de fazer caridade porque são médicos e vão salvar muitas vidas, acedito que sim, mas isso não é caridade. Gostaria que quem precisasse de ajuda fosse verdadeiro e pedisse comida porque era mesmo isso que lhe fazia falta no momento. Gostava que julgassem menos as assistentes sociais que muitas vezes nos parecem frias e intocáveis e no fundo são os corações mais moles e tristes por se aperceberem e conviverem com famílias totalmente desestruturadas, idosos que são neglegenciados pelos próprios filhos e a restante sociedade.
Claro queria que as relações de amizade e amor fossem como um sonho e não existesse mágoa nem palavras más. E que todos nos apercebessemos que o amor entre pessoas dá muito trabalho, são precisas milhões de horas de conversa, trabalho, dedicação e presença para o outro o mais possível mesmo tendo um horário muito completo, uma vida muito atarefada o amor resolve tudo, o amor a paciência e a disponibilidade mental para seguir esse passo.
Daí todas as rosas têm espinhos é uma afirmação para uma outra frase que me disseram há uns anos atrás. "Todos temos coisas boas e más." Claro que podemos trabalhá-las ou apenas a aprender a viver com elas, porque em algum momento determinado "defeito" pode vir a favorecer-nos e uma "virtude"  a desfavorecer.
Não sou nenhuma hippie, não sou a pessoa mais zen do mundo(nem lá perto chego), também magoo quem muitas vezes me magoa com ou sem intenção, mas tento muito, exijo de mim atitudes que eu penso serem as mais certas, mas sou eu que penso. Quem me garante que elas são mesmo certas? E sempre ouvi dizer: "Entre marido e mulher não se mete a colher!" portanto que direito temos nós de nos meter na eleição do Putin na Rússia? Que direito temos nós de nos meter na vida de um casal vizinho que ouvimos discutir muito e até bater?
Não sei...e ainda bem que ainda não sou mãe, porque estes pensamentos ocorrem-me e tal como a Mafaldinha do Quino a minha mãe vai a correr à Farmácia comprar "NERVOCALM" para o meu pai!!!



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9-3-2012